
Salvando a natureza, uma semente de cada vez.
Sobre o Projeto
A área que hoje é denominada como Parque é resultado de uma regeneração espontânea da mata, local de antigas roças abandonadas. Com isso, exemplares de árvores do bioma não estão presentes.
O Projeto Gralha-Azul nasceu da resiliência e paixão de Juliano Holderbaum, um sobrevivente que encontrou uma segunda chance na vida e na natureza. Enquanto superava um transplante hepático e um câncer, Juliano e sua parceira Aline resolveram plantar sementes de Araucárias pela mata.


A ação inicial, apelidada de Gralha-Azul, fez a reintrodução de Araucárias na área do Parque, tendo ocorrido no dia 03 de junho de 2022. Na ocasião, foram plantadas mais de 150 sementes de uma Araucária super produtiva, vindas de Santa Catarina. Em análise posterior, realizada dia 17 de dezembro de 2022, conseguimos identificar que cerca de 1/3 das mudas brotaram, comprovando o sucesso da ação.
Nossa Missão
Nosso propósito é conservar a exuberância natural da região, oferecendo um refúgio seguro e fontes de alimentação para as diversas espécies locais, que incluem desde a gralha-azul, veados, quatis, capivaras, e entre outros. A peça-chave para alcançar esse objetivo? As sementes da Araucária, uma árvore essencial para a sustentabilidade desse ecossistema.



A Importância da Vida Selvagem na Dispersão de Sementes de Araucária
1. Animais Dispersores das Sementes
Entre os principais dispersores da A. angustifolia são citadas as aves, principalmente as gralhas (Cyanocorax chrysops e C. caeruleus; Muller 1986, Anjos 1991, Kindel 1996, Solórzano-Filho 2001) e os mamíferos, principalmente os esquilos (Sciurus ingrami) e as cutias (Dasyprocta azarae).
As gralhas apresentam um comportamento propicio à dispersão das sementes da Araucária, sobretudo quando essas sementes constituem um recurso abundante. Esses animais, quando coletam as sementes diretamente das pinhas, contribuem para a aceleração da queda dos pinhões. Além disso, ao voarem a longas distâncias, podem eventualmente perder a semente em voo, contribuindo dessa forma para a dispersão a longas distâncias (Solórzano-Filho 2001).
2. Animais Predadores das Sementes
Entre as aves, as principais espécies que atuam como predadoras são o papagaio-charão (Amazona pretrei) e a gralha-azul (Cyanocorax caeruleus). Considerando o grupo dos mamíferos, diversas espécies atuam como predadoras, entre elas os macacos, veados, quatis, cutias, capivaras, ouriços, pacas, esquilos e pequenos roedores (Muller 1986, Anjos 1991, Kindel 1996, Solórzano-Filho 2001, Lamberts 2003, Pereira 2004). O bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans) foi observado consumido os pinhões diretamente das pinhas (Kindel 1996), macerando completamente as sementes consumidas. Veados do gênero Mazama também foram observados consumindo sementes (Kindel 1996).
3. Manutenção do Ecossistema
A dispersão de sementes desempenha um papel crucial na preservação e revitalização do ecossistema da região sul. As sementes da Araucária representam uma fonte essencial de alimento durante períodos de escassez, especialmente no inverno, contribuindo significativamente para sustentar a vida selvagem local e para o equilíbrio da cadeia alimentar.
4. Preservação da Biodiversidade
As Araucárias são consideradas plantas chave, pois são essenciais e desempenham um papel vital nos ecossistemas, já que a extinção delas pode desencadear um efeito dominó, levando à extinção em cascata de outras espécies que fazem parte da comunidade, conforme observado por Howe et al. em 1985. Kindel (1996) que também destaca que a presença das Araucárias é fundamental para sustentar algumas populações animais durante períodos de escassez de outros recursos.
Bibliografia: VIEIRA, Emerson M.; IOB, Graziela. Dispersão e predação de sementes da araucária (Araucaria angustifolia). Floresta de Araucária: ecologia, conservação e desenvolvimento sustentável. Edited by CR Fonseca, AF Souza, AM Leal-Zanchet, T. Dutra, A. Backes, and G. Ganado. Holos Editora, Ribeirão Preto, p. 85-95, 2009.
